A titular
da Secretaria Municipal de Políticas Públicas para as Mulheres (Semul),
Aparecida França, considerou a condenação a 16 anos de prisão de Marcos Antônio
Izaias de Macedo pelo assassinato de sua ex-mulher Alexsandra Moreira da Silva
(32), uma vitória na batalha pelo fim da violência contra a mulher. O Júri
Popular aconteceu na segunda-feira (23). Segundo Aparecida, a atuação dos
promotores Hindemburgo Nogueira e Érica Canuto foi determinante para que o
assassino recebesse a pena máxima. “Os argumentos seguros e sensíveis da
promotora foram decisivos para que os jurados acatassem o pedido de pena
máxima, com o homicídio triplamente qualificado. Foi feita Justiça para reparar
uma grande injustiça”, analisa.
Durante a fala da acusação, a promotora Érica Canuto, que também é
coordenadora do Núcleo de Apoio à Mulher Vítima de Violência Doméstica e
Familiar (NAMVID), destacou que a atitude machista e dominadora como a que o
réu detinha, é o grande motivador de crimes contra a mulher, simplesmente pelo
fato de ser mulher”, argumenta Érica. Segundo a promotora, o caso é claramente
um feminicídio, porém não foi julgado como tal por ter acontecido em dezembro
de 2014 e a lei que criou esse tipo penal só entrou em vigor em abril de 2015.
De acordo com os autos, Alexsandra era frequentemente agredida pelo
então marido durante todo o relacionamento, que começou quando a vítima tinha
13 anos. Depois que denunciou Marcos Antônio, as ameaças e agressões se
agravaram e, por segurança, ela foi acolhida na Casa Abrigo Clara Camarão da
SEMUL. Lá, ela recebeu acompanhamento psicológico, social e jurídico e, ao sair
do abrigo, possuía medida protetiva contra o ex-marido, que continuava
ameaçando a ex-mulher.
Na ocasião, o Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher
foi informado pela assessora jurídica da Casa Abrigo, Luciana Lopes, que
solicitou a prisão de Marcos, porém o juiz entendeu que não era o caso de
prisão, e sim, de uma advertência. Marcos, assim, continuou descumprindo a
medida protetiva de Alexsandra. Novamente, a advogada pediu a prisão de Marcos.
Acreditando que o pedido de prisão significava alguma garantia para sua
segurança, Alexandra pediu para sair do abrigo e voltou para a casa da mãe.
Alexsandra Moreira da Silva foi morta a facadas dentro de um ônibus
quando estava indo para o trabalho, no dia 18 de dezembro de 2014. O acusado
pediu parada no bairro de Felipe Camarão e ao entrar, atacou a ex-mulher.
Alexsandra faleceu a caminho do hospital.
O réu estava detido na Cadeia Pública de Natal desde o homicídio. Ele
foi condenado pelo crime de homicídio triplamente qualificado por motivo torpe,
utilização de meio cruel, e meio que dificultou a defesa da vítima.
O caso de Alexsandra ficou marcado como um exemplo para a necessidade de
fortalecimento da rede de proteção às mulheres em situação de risco. Para
Aparecida França, é fundamental o entendimento das autoridades para a garantia
desta proteção legal de todas as formas, para evitar que mais mulheres sejam
mortas por seus companheiros e ex-companheiros, como foi o caso de Alexsandra.
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