André Vallias e Tom Zé - Foto Alex Régis |
Os 50 anos da Tropicália deram o tom maior na noite de
abertura do Festival Literário de Natal (Flin) 2017, evento vinculado ao Natal
em Natal, promovido pela prefeitura. Com a presença do prefeito Carlos Eduardo,
do vice-prefeito Álvaro Dias e do secretário municipal de Cultura e presidente
da Fundação Cultural Capitania das Artes (Funcarte), Dácio Galvão, o Flin levou
centenas de pessoas à praça Augusto Severo, no bairro da Ribeira, para assistir
aos debates nas Tendas Moacy Cirne e dos Autores, e também para curtir o show
do ícone da Tropicália, Tom Zé.
Antes dos tropicalistas tomarem conta da programação, a Tenda
Moacy Cirne recebeu a mesa “O literário em Veríssimo de Melo”, com um bate-papo
entre o escritor e presidente da Academia Norte-Riograndense de Letras (ANL),
Diógenes da Cunha Lima, e a professora Michelle Paulista, que prepara tese de
doutorado sobre o escritor, poeta e folclorista Veríssimo de Melo.
Cassiano Arruda, Zuenir e Mário Ventura - Foto Alex Régis |
Em que pese não ter conhecido Veríssimo pessoalmente,
Michelle Paulista ilustrou que convive com o escritor todos os dias, debruçada
sobre seus escritos, a começar pelas cartas. Depois, ela ampliou o estudo para
a poesia e a música. “Veríssimo era um homem antenado com a cultura. Nas
cartas, só tratava de cultura e literalidade. Eu lamento que isso não chegue ao
grande público”, observou. Encerrada a mesa “O literário em Veríssimo de Melo”,
a Tenda Moacy Cirne recebeu o Festival Cine Sol, que teve exibição de filmes e
bate-papos com realizadores audiovisuais.
Carlos de Souza, Capinan e Gereba - Foto Alex Régis |
O tropicalista contou, ainda, que no início da carreira se
apresentou no programa televisivo “Escada para o sucesso”, quando conseguiu ser
homo sapiens, uma vez que “andava como um macaco”. “A música foi a manifestação
artística que mais rendeu frutos na Tropicália”, ressaltou o baiano.
Por sua vez, André Vallias exibiu duas peças audiovisuais: a
primeira foi “Estudando sampler”, do Coletivo Sangue no Silício, que fez parte da
exposição “Tom Zé 80 anos”, da qual Vallias foi o curador. O segundo vídeo
mostrou o poema “beba coca cola”, do poeta concretista paulista, Décio
Pignatari. Ele explicou que a revista eletrônica “Errática’, criada por ele,
foi inspirada na canção homônima de Caetano Veloso, imortalizada por Gal Costa.
“Tropicalismo: inserção & desdobramentos” foi o tema da mesa
2 na Tenda dos Autores, que contou com a participação de outro símbolo da
Tropicália, o compositor e médico baiano, José Carlos Capinan, nascido no
município de Esplanada, e o músico Gereba, de Monte Santo (BA), com a moderação
do jornalista natalense Carlos de Souza. Letrista de “Soy loco por ti, America”,
Capinan revelou que a sua primeira parceria foi com Tom Zé, que conheceu no
Centro Popular de Cultura, em Salvador. Por causa de um “bumba-meu-boi
subversivo” respondeu a Inquérito Policial Militar, nos anos 1960.
Ele destacou que todos os ícones do tropicalismo baiano são
do interior do Estado, mas, segundo ele, “Salvador ganha a fama”. “O
tropicalismo é uma expressão da década de 60, século 20. Nasce das mudanças no
mundo”, discorreu. Disse, ainda, que o tema diversidade cultural foi criado na
década de 1960, pelos jovens que se apropriaram da guitarra elétrica, que
mereceu uma passeata de artistas contra o instrumento, inclusive com a participação
de Gilberto Gil e Caetano Veloso. “O tropicalismo é a grande paródia do
desenvolvimento”, filosofou.
De posse de um violão, Gereba disse que bebeu na fonte da
bossa nova no início da carreira, mas quando o tropicalismo surgiu tudo mudou
em sua vida. Contou que, em visita à fazenda de Luiz Gonzaga, o Rei do Baião lhe
disse que a gravação do clássico “Asa Branca”, na voz de Caetano Veloso, foi
muito importante para a carreira dele. Gereba aproveitou o ensejo e cantou “Asa
branca”, ao violão.
Encerrando as mesas na Tenda dos Autores, a programação do
Flin apresentou o tema “O escritor militante”, com o jornalista e escritor
carioca, Zuenir Ventura, o jornalista Mauro Ventura e o jornalista Cassiano
Arruda.
Prefeito Carlos Eduardo e vice-prefeito Álvaro Dias |
Michelle Paulista e Diógenes da Cunha Lima - Foto Alex Régis |
Após o encerramento dos trabalhos na Tenda dos Autores e na
Tenda Moacy Cirne, o cantor e compositor Tom Zé subiu ao palco para cantar para
a multidão que se formou na praça Augusto Severo. Dentre clássicos da carreira
do tropicalista, não faltou “2001”, parceria com Os Mutantes, e que consta do
segundo álbum da banda, lançado em 1969.
Confira a programação do FLIN para Quinta-feira (9)
8h - Abertura do Espaço Sesc/Flin.
8h às 9h - Contação de Histórias com Ivan Zigg – RJ.
9h às 10h - Contação de Histórias de O Tapete Voador com Mila
Puntel e Bruna Peixoto – PE.
10h às 11h - Um livro para cada leitor com Kalliny Moura e
Márcio Benjamin.
13h às 14h - Contação de Histórias com Ivan Zigg – RJ.
14h às 15h - Contação de Histórias de O Tapete Voador com
Mila Puntel e Bruna Peixoto – PE.
15h às 16h - Traço e rabisco, o que é isso? com Luiza de
Souza e Aureliano Medeiros – RN.
18h – Tenda Moacy Cirne com Diva Cunha e Nivaldete Ferreira.
19h – Tenda dos Autores com Zélia Duncan.
20h – Festival da Viola.
22h – Show musical de Zélia Duncan.
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